Entrevista para a pós-graduação em Comunicação Corporativa, Marketing e Mídias Sociais
Disciplina: Assessoria de Imprensa, Imagem e Reputação nas Mídias Sociais
Professora: Kelly Nagaoka

Convidamos Laís Reis, vencedora do Prêmio Lettering 2013, para contar um pouco mais sobre o case vencedor de Assessoria de Imprensa. Confira o áudio e a entrevista na íntegra!

Laís Reis
1 – Conte um pouco aos alunos sobre quem é Laís Reis, vencedora do Prêmio Lettering 2013, na categoria Assessoria de Imprensa.

Bom, meu nome é Laís Reis, sou natural de Itajubá, Sul de Minas Gerais, e me formei em jornalismo em 2011, pela Universidade de Taubaté (Unitau).

O jornalismo entrou no minha vida aos 14 anos, quando eu decidi – definitivamente – que essa seria a carreira que eu queria seguir. Desde então, eu sempre pesquisei sobre a profissão e sempre fui muito ligada à leitura e à busca de informação, independente da plataforma.

Desde criança, eu sempre li jornais impressos, assistia com a minha família a todos os telejornais possíveis e sempre tive muito apreço por essa arte de comunicar. Na minha casa, estar informado sempre foi fundamental. As notícias do dia eram discutidas durante ao almoço, durante o café da tarde e a todo o momento.

Acredito que a comunicação seja essencial para a evolução da sociedade e, por isso, merece sempre receber novos olhares, novas pesquisas, novos estudos… Assim como vocês estão fazendo aí, neste momento, participando de mais uma aula de pós em mídias sociais.

Isso é fantástico! E, com certeza, será um divisor de águas na carreira e no crescimento de vocês. Podem ter certeza.

2 – Como comentou, hoje está focada em freelas de conteúdo e revisão. Porém, foram quantos anos dedicados em assessoria de imprensa e em quais empresas?

É engraçado responder a essa pergunta porque, quando eu entrei na faculdade, o meu pensamento era “quero trabalhar com jornalismo impresso, ou melhor, em qualquer área, menos assessoria de imprensa”. Eu tinha uma visão de que o assessor de imprensa era um jornalista “torto”, que fugia a real missão da profissão.

Em uma das minhas primeiras aulas, lembro que o professor Galvão Júnior disse “o primeiro emprego de vocês será com aquilo que vocês menos querem”. E o que aconteceu?

Meu primeiro estágio foi na área de assessoria de imprensa na ACOM – Assessoria de Comunicação da Unitau.

Posso dizer que foi a melhor experiência da minha vida!

Tive a oportunidade de estar ao lado dos melhores profissionais do Vale do Paraíba, entre eles, a professora Letícia Maria e os jornalistas Jorge Santana e Fernanda Guerra, que hoje trabalham em outras cidades. Nesse meu primeiro estágio, eu descobri o quanto o trabalho de uma assessoria de imprensa é valioso e extremamente necessário para os demais setores do jornalismo.

Na ACOM, eu escrevi o meu primeiro release, tirei as minhas primeiras fotos de eventos, tive o meu primeiro contato com os veículos de comunicação do Vale, participei de um media training, entre outras experiências que fizeram de mim a profissional que eu sou hoje.

Depois da ACOM, eu fiz estágio, também na área de assessoria, no SESC São José dos Campos. Nem preciso dizer que trabalhar no Sesc é maravilhoso! Música, teatro, dança… O tempo todo você tem contato com uma cultura riquíssima. O ambiente é prazeroso e os profissionais são incríveis. Destaque para a Consuelo Carvalho, coordenadora de comunicação do Sesc São José. Com ela eu aprendi muito e, o principal, com muita educação e gentileza. Afinal, nada melhor do que ter pessoas inteligentíssimas por perto e com paciência para contribuir para a nossa formação, não é mesmo?

Meu primeiro emprego foi em 2012 na agência Arriba! Comunicação. Lá, eu trabalhava com produção e revisão de conteúdo e, claro, assessoria de imprensa. Uma experiência que tive foi que, um dos clientes de assessoria, era do setor de moda de luxo. Classe AAA. E o meu estilo é mais descontraído, tranquilo. Então, eu tive que aprofundar no universo do cliente. Além da assessoria, eu produzia conteúdo semanal para o blog e também para o Facebook. Escrevia sobre as tendências da moda, desfiles, tudo. Isso mostra que como assessor de imprensa você precisa assumir várias facetas, entender tudo (ou quase tudo) que envolva o negócio do seu cliente.

Na Arriba! tive o prazer de trabalhar com o jornalista André Leite, grande nome do Vale. Aprendi muito com ele. Todo trabalho é uma contribuição para a nossa formação.

Em 2013, passei pela agência Avalanche. Participei do seu nascimento no Vale do Paraíba e, pela primeira vez, cuidei sozinha de um departamento. Foi quando surgiu para a agência a oportunidade de contribuir com um lugar especial: o GACC (Grupo de Assistência à Criança Câncer). O GACC passava pela pior crise de sua história. Estava a beira de fechar as portas e deixar de atender a mais de 300 crianças e adolescentes com câncer. Não podíamos deixar isso acontecer. Então, todos os departamentos da agência trabalharam em uma campanha para reverter essa situação. Assim surgiu a campanha “Não deixe que a história do GACC seja apagada diante dos nossos olhos”. A nossa estratégia foi causar impacto e chamar a atenção para o grave momento que a instituição estava passando. Os publicitários fizeram muito bem a parte deles. Cabia a mim, me dedicar totalmente ao cliente para obter, em um prazo curto, o retorno que eles precisavam. Mas isso eu explico para vocês nas próximas perguntas. 

O meu mais recente trabalho com assessoria de imprensa iniciou em meados de 2013 e foi na agência Molotov Propaganda, em Taubaté. Na Molotov, eu assumi outras funções além da assessoria e da produção de conteúdo. Trabalhei com gerenciamento de mídias sociais. Confesso que foi um desafio para mim. E foi excelente também, pois agreguei mais um conhecimento à minha carreira e trabalhei com ótimos profissionais. Na parte de assessoria de imprensa, na Molotov, tive que me aprofundar em todas as possibilidades relacionadas ao ciclismo, à saúde do idoso, ao método CORE 360a e outros assuntos para poder fazer um bom trabalho de assessoria para os clientes. Minha passagem pela agência terminou em setembro desse ano.

A assessoria de imprensa é uma área que recebe uma pressão enorme, tanto do cliente quanto da chefia. Muitos não entendem que o trabalho de assessoria de imprensa é progressivo e que seu resultado, para ser realmente eficiente, acontece em médio e longo prazo.

Eu torço para que, um dia, as agências agreguem mais profissionais de jornalismo e que os departamentos cresçam e ganhem a devida atenção. Também torço para que as empresas valorizem ainda mais seus assessores, peças fundamentais para a imagem e visibilidade dos seus serviços, produtos e clientes.

No momento, estou atuando com freelancer de produção e revisão de conteúdo. É a primeira vez que trabalho dessa forma e, por alguns meses, estarei desempenhando essa função. E é isso que eu vejo de maravilhoso na área de comunicação: poder mudar a todo o momento, sem sair perdendo, mas, sim, sempre agregando mais conhecimento e mais expertise à nossa carreira.

3 – Quais acredita que foram os seus diferenciais para vencer uma categoria tão disputada?

Equipe Avalanche no Prêmio Lettering 2013

Equipe Avalanche no Prêmio Lettering 2013

O primeiro fator determinante para a conquista do prêmio foi o cliente. Um trabalho que envolve crianças sempre chama a atenção. Ainda mais, quando se trata de um trabalho feito para salvar a vida de centenas de crianças e adolescentes com câncer. Elas nos deram força para trabalharmos com muita intensidade.

Outro fator essencial foi que eu pude dedicar 100% do meu tempo para trabalhar com o GACC. Com isso, por muitas vezes trabalhei diretamente com cliente. Alguns dias eu ficava na agência, em outros, trabalhava direto do GACC. Fiz amizade com os profissionais, com as famílias, com as crianças. Nunca tive a oportunidade de estar tão perto do que eu precisava relatar nos releases. E olha que isso é praticamente impossível de ser feito hoje em dia, tendo em vista a quantidade de clientes que podemos ver nas agências e o número reduzido de profissionais de jornalismo.

Então, vivenciar o dia a dia do GACC fez com que eu transmitisse da melhor forma aos veículos o que realmente estava acontecendo. Transmitindo essa verdade e muitos dados estatísticos, com os quais conseguíamos comprovar a situação financeira da instituição e também os números de vidas que eram salvas a cada dia, os veículos começaram a me procurar.

E nós sabemos que quando uma notícia se destaca no veículo x é claro que ela desperta o interesse do veículo y. Assim, nós construímos uma presença enorme na mídia regional e também nacional, tanto que o GACC chegou a ser citado no Programa do Jô.

Ministro da Saúde falando sobre o GACC no Programa do Jô

Ministro da Saúde conta mais sobre o GACC, no Programa do Jô

Ou seja, a soma da dedicação 100% ao cliente + o relacionamento com esse cliente + a divulgação estratégica dos releases, casados com o trabalho publicitário que foi feito pela Avalanche levou à conquista do Prêmio Lettering 2013 não só nessa, mas também em outras categorias.

Posso dizer que foi o trabalho mais legal que já fiz e com a melhor causa. Até hoje me sinto feliz por ter contribuído e participado dessa história.

E o GACC continua aí, realizando esse trabalho maravilhoso. E, em nenhum momento, precisaram fechar as portas a nenhuma criança. Quer prêmio melhor do que esse?

4 – Em 2013, em sua vitória, as suas estratégias já contemplavam as redes sociais também ou era um foco na assessoria mais tradicional mesmo?

Em 2013, confesso que as minhas estratégias não contemplavam as redes sociais. Me sinto até mal falando isso para vocês que estão aí fazendo pós em mídias sociais. Mas realmente não.

Foquei totalmente na mídia tradicional e com ela consegui um excelente resultado. Naquele momento, foi o suficiente para atender à necessidade (até mais que isso) do cliente.

Mas eu vejo que se fosse alguns meses depois, sem fazer um trabalho direcionado às mídias sociais, eu não teria tanto êxito. Hoje, é fundamental estar na rede. Não vejo mais o off-line sem o complemento do online ou o online caminhando com “suas próprias pernas”. E isso independente de público-alvo. De crianças a idosos, todos despertaram o interesse pelas mídias sociais e fazem delas grandes fontes de informação.

Então, vocês estão mais que certos em terem escolhido esse curso. Vocês terão um olhar e uma habilidade que se inova a cada dia e que é cada vez mais exigida no nosso mercado de comunicação. Continuem perseverantes nesse caminho.

5 – Do início do seu trabalho com assessoria e hoje, quais as principais diferenças que percebe com o avanço das redes sociais?

Vejo muita diferença do início do meu trabalho com assessoria e hoje. E olha que não faz muito tempo. 

Antes, nós almejávamos os jornais impressos, as revistas e a televisão. De uns tempos para cá, passamos a valorizar os sites, depois os blogs, e hoje é imprescindível aparecer em uma página de Facebook ou ser citado em um perfil de Instagram “bombado”. Hoje, o digital tem o mesmo valor, às vezes até mais valor que a mídia tradicional.

Portanto, precisamos criar estratégias específicas para essa presença online, senão o trabalho de assessoria de imprensa não está completo.

Claro que para cada cliente é feito um planejamento diferente. Mas é óbvio que todos merecem e precisam aparecer em alguma plataforma digital.

As grandes marcas já sabem fazer isso e muito bem. No interior, o trabalho está tomando força. Os profissionais estão fazendo cursos, se especializando… Não tem jeito, as redes sociais já fazem parte da nossa vida. Não tem como fugir, nem ficar para trás. Elas são essenciais para a comunicação.

6 – No Vale do Paraíba, quais as principais assessorias de imprensa ou assessores de imprensa que poderia destacar?

O Vale do Paraíba é um celeiro de excelentes profissionais de comunicação. Publicitários, relações públicas, jornalistas e outras tantas áreas.

Eu vejo muita gente de alto nível profissional. Tanto que muitos são donos das suas próprias empresas, têm uma carreira consolidada e levam o nome de suas cidades às grandes capitais – nacionais e internacionais.

Em assessoria de imprensa, temos profissionais brilhantes, como a Leticia Maria e a Consuelo Carvalho, que eu já citei anteriormente. Gosto também de lembrar os jovens profissionais, como Bruna Drummond, André Leite, Mayra Salles, Thais Campoy.

Em assessorias, eu destaco o trabalho da Alameda Comunicação, da Agência de Imprensa, que pertence ao Grupo Mestra, da Código BR Comunicação. Destaco também a assessoria da Unitau, que realiza um ótimo trabalho.

Nas agências, vejo que a presença desse setor ainda é tímida e muitas estão começando a implantar esse serviço agora.

Já vemos bons trabalhos sendo realizados e tenho certeza que o futuro da assessoria de imprensa será promissor.